É possível construirmos asas?
Na mitologia grega, Dédalo e Ícaro -pai e filho- foram aprisionados em um labirinto. Engenhosos, construíram asas a partir de cera, fios e penas a fim de se libertarem da prisão.
Ao finalizarem-nas, alcançaram o céu. Contudo, exultantes com o voo, elevaram-se para perto do Sol e o calor amoleceu a cera das asas. Assim, pai e filho foram dragados pelo mar.
Analogamente, o mito elucida a constante luta dos homossexuais e mulheres que, com suas asas, almejam o direito à vida e à liberdade. Não obstante, são incessantemente cortadas devido à homofobia e ao machismo.
2013. Asas começam a ser construídas: o Conselho Nacional de Justiça declara a união estável homoafetiva em casamento, garantindo a celebração do casamento civil pelos cartórios.
Ainda assim, há quem não consegue nem experimentar suas asas: a morte substitui a opressão. Os dados confirmam: a cada 19 horas uma pessoa LGBT morre de forma violenta no Brasil, fato que explica o porquê da expectativa de vida de travestis e transexuais ser de 35 anos de idade.
Nesse sentido, pode-se afirmar que as asas são assiduamente arrancadas de suas mãos por meio de um anseio: o preconceito.
Anseio esse que, infelizmente, vai muito além do massacre de homossexuais: houve 4.473 assassinatos de mulheres em 2017 no Brasil.
Com o intuito de (re)construir asas, o empoderamento feminismo surge com força no panorama atual e a trajetória em busca da liberdade e igualdade – mesmo que longa e com obstáculos – começa a se formar.
Em suma, hodiernamente, assim como no mito grego, o direito à liberdade é buscado por aqueles que tiveram seus direitos extirpados pelo preconceito. Mesmo que logo retiradas de suas mãos, o processo de desenvolvimento dessas asas deveria ser contínuo, pois assim como diz o ditado popular “a esperança é a última que morre”.